O Deus Metal estará presente em Goiânia neste domingo (6/4): a banda Massacration apresenta a turnê do seu novo disco, Metal is My Life, no palco do Bolshoi Pub, com clássicos e músicas novas no repertório. A banda surgiu ainda no começo dos anos 2000 como esquete humorístico do programa Hermes & Renato da MTV, satirizando os estereótipos das bandas e fãs de Heavy Metal. Duas décadas depois, o grupo está consolidado e com agenda lotada de shows: serão 50 este ano e mais 50 já confirmados no ano que vem.
À frente do grupo está Detonator, autodeclarado o maior vocalista de todos os tempos e filho encarnado do Deus Metal. Por trás da persona histriônica está o muito tranquilo Bruno Sutter, humorista e músico responsável por conduzir este e muitos outros projetos musicais pelo Brasil. A banda havia parado em 2012 para a carreira solo do Detonator, retornou em 2016, lançou algumas músicas até, enfim, gravar o novo disco e sair em turnê.
“A gente já tinha quatro singles e
aí resolveu lançar o Metal is My Life no
ano passado porque sentiu que era o momento certo”, relata Sutter. Além da
agenda cheia, o disco foi escolhido o melhor álbum de metal do ano, e Detonator
foi eleito o melhor vocalista de metal do ano pela revista Roadie
Crew, uma das mais tradicionais publicações metaleiras do Brasil:
“Foi um presente muito legal pra gente”.
O músico conta que o público da banda passou por
uma renovação: se antes era composto por fãs de Hermes
& Renato, agora há toda uma geração de jovens que conheceram o
grupo pela música. “Isso aí é um fenômeno muito legal, é uma coisa muito
difícil para um artista conseguir. Acho que talvez pelo fato de ser uma banda
humorística, isso abre muitas portas, inclusive para irmão mais velho que
mostra para irmão mais novo, pai que mostra para filho, ou simplesmente por
memes de internet. Aí o pessoal vai descobrindo Massacration de formas
diferentes, mas que vão angariando sempre novos públicos. Isso aí é maravilhoso”,
afirma.
No começo, muitos metaleiros não gostavam ou não entendiam o
Massacration. Bruno avalia isso como coisa do passado, ainda mais depois de a
banda ser contemplada pela 'Roadie Crew' no ano passado. “Quando aparece uma
coisa nova, ela impacta, choca ou assusta, e o Massacration fez isso. Era uma
ideia muito diferente para o Brasil. Apesar dos Mamonas, o Massacration era uma
coisa diretamente com o metal, e isso na época assustou muita gente. Mas
depois, com o tempo, o pessoal foi vendo que o nosso background de
conhecimento musical é vasto. Hoje em dia, não percebo nenhuma implicância em
cima do Massacration, muito pelo contrário”, afirma.
Na nova turnê e no novo disco, o visual da banda
remete ao gênero do Power Metal, vulgo “metal espadinha”, um gênero dentro do
Heavy Metal que mistura a música pesada com fantasia. “O primeiro disco era
aquela coisa de couro, mais tradicional [do metal clássico]. No segundo disco,
a gente quis fazer uma brincadeira estética com a coisa do glam metal. E,
nesse, a gente queria fazer uma coisa diferente também, para sempre estar
renovando a parte visual. É sempre muito importante pra gente trazer coisas novas”,
explica, mas afirma que o som da banda, apesar de inventivo, se aproxima mais
do estilo tradicional.
Nos últimos anos, e com o sucesso do streaming, outras bandas
humorísticas do rock pesado se tornaram mais conhecidas, como Gloryhammer,
Steel Panther e Feuerschwanz. Porém, Sutter relata que não conhece nenhuma
delas e que a abordagem para o Massacration sempre foi made
in Brazil. “Sou meio ignorante no sentido de pesquisar a respeito
de bandas humorísticas de Heavy Metal. O Massacration é totalmente
abrasileirado, a gente não pega referência nenhuma lá de fora. A gente usa os
costumes brasileiros e a cultura brasileira para ser o nosso ponto de
referência de homenagem/sátira no Brasil. Falamos muito sobre costumes e
comidas daqui. Eu diria que somos uma das bandas que mais usam essa
‘brasilidade’ no sentido literal da palavra”, comenta.
E com outros estilos? Será que, aproveitando as
visitas a Goiânia, daria pra misturar Heavy Metal e sertanejo? “O humor é uma
tela em branco, né, cara? São infinitas possibilidades. Eu tenho vários
projetos em mente para o futuro. Isso aí eu acho que calha mais para a carreira
solo do Detonator. Já pensei em fazer um ‘detonejo’, com essa pegada do
sertanejo universitário. Isso ficaria muito engraçado, mas não é uma coisa pra
agora”, diz.
Homem de mil projetos
Já o próprio Bruno Sutter pode não ser filho do
Deus Metal, mas tem a agenda de um: o músico já visitou Goiânia com o projeto
"Bruno Sutter executa 50 anos de Iron Maiden" e já volta à capital no
próximo dia 17 com o show "Dream Theater Tribute" ao lado de Marcelo
Barbosa e Felipe Andreoli, da banda Angra, também no Bolshoi Pub. Fora isso,
ainda tem uma carreira solo, que ele diz não estar podendo se dedicar no
momento por uma questão de agenda.
“Eu já tenho bastante material, sempre gostei muito de
compor. Tenho por volta de 10 músicas já prontas. O problema é agenda. Além do
Massacration, o meu tributo ao Iron Maiden vai ter mais 40 shows e ainda tem os
shows do Dream Theater”, comenta. Seu único disco é de 2015, e, de lá pra cá,
ele tem lançado alguns singles no streaming, mas ainda nada de um novo álbum.
“É muita coisa. Acabo não achando tempo para concluir isso. Mas eu gostaria
muito de poder lançar, tipo, até o ano que vem, pra manter o trabalho aceso”,
completa.
Em relação ao tributo ao Dream Theater, ele se
refere ao projeto como “mágico” e conta que esteve à frente de um dos primeiros
covers da banda em 1998, ainda em Petrópolis (RJ), sua cidade natal. A agenda
ainda é curta devido aos compromissos dele com a Angra, mas ele destaca o
quanto os shows têm sido lotados e o primor técnico do grupo: “O time é
infalível. Acho engraçado porque, nesses shows, parece que não temos um
público, e sim uma banca (risos), pois os fãs do Dream Theater são muito
fervorosos. Eles sabem todas as notas, todas as músicas... Você tem que estar
com o psicológico preparado”, brinca.
Serviço
Massacration em Goiânia
Bolshoi Pub, Rua T-53, 1140, Setor Bueno
A partir das 19h
DA REDAÇÃO
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